O cartaz estendido à frente do Sesc Ramos dava o nome do projeto em que elas se apresentariam: Essas mulheres e suas vozes maravilhosas. Uma iniciativa bem sucedida de reunir cantoras - entre consagradas e revelações da música popular brasileira - dentro do circuito dos Sescs cariocas. Fui conferir os shows de Ana Costa e Nilze Carvalho, duas grandes intérpretes que semanalmente batem ponto em casas noturnas da Lapa, atual point da melhor música carioca. Para um fã de cantoras, como eu, devo dizer que valeu muito à pena. Ana e Nilze costuma ser rotuladas como cantoras de samba, mas esse é um título um tanto redutor para elas, que passeiam com autoridade de veteranas por choros, bossas, toadas, música pop, forró, baíão etc. Saí de ambos os shows orgulhoso com a riqueza de nossa música popular, que tão pouco espaço recebe hoje em dia em nossas rádios.
Talvez você não tenha ouvido falar ainda de Ana Costa, "A cantora que todo mundo gosta", como diz Zélia Duncan. Mas, se no ano passado assistiu à abertura dos Jogos Pan-americanos na televisão (quando nosso presidente levou uma vaia histórica em pleno Maracanã) vai se lembrar daquela moça que cantava junto a Arnaldo Antunes a canção-tema do espetáculo, "Viva essa energia". Ana é uma grande cantora e habitué do bar Carioca da Gema, na Lapa, onde canta todos os sábados, às 23 horas . A noite é sua companheira, e Ana chega a brincar com o horário do começo dos shows no Sesc, 19 horas - "A essa hora eu tô acordando...".
Na sexta-feira, dia do show, a plateia era majoritariamente feminina - da terceira idade, bem entendido. "Tô vendo que 99% da plateia são mulheres", diz Ana, logo após a primeira música. São mulheres em sua maioria separadas, viúvas ou simplesmente solitárias que não perdem um espetáculo no Sesc. Pois quem não compareceu, ora, perdeu um ótimo show! Entre os músicos que acompanham Ana há até um guitarrista, e a cantora apresenta parcerias com uma turma mais ligada ao pop, como Zélia Duncan, Moska e Mart'nália. Simpática, vai ganhanmdo o público aos poucos, intercalando canções dela e de parceiros com clássicos consagrados da música brasileira. Sua interpretação para "Feitio de Oração" de Noel Rosa, é um dos destaques. Ana é versátil a ponto de emendar "Sem compromisso", de Geraldo Pereira, a "Homenagem ao malandro", de Chico Buarque, e mais tarde fechar o show com um pout-pourri de sambas e afoxés de Martinho da Vila. Saímos de lá e emendamos no Bar da Portuguesa, um dos participantes de Ramos do festival "Comida de buteco", com seus deliciosos pastéis, caldos e bolinhos de aipim. Uma ótima noite.
Talvez você não tenha ouvido falar ainda de Ana Costa, "A cantora que todo mundo gosta", como diz Zélia Duncan. Mas, se no ano passado assistiu à abertura dos Jogos Pan-americanos na televisão (quando nosso presidente levou uma vaia histórica em pleno Maracanã) vai se lembrar daquela moça que cantava junto a Arnaldo Antunes a canção-tema do espetáculo, "Viva essa energia". Ana é uma grande cantora e habitué do bar Carioca da Gema, na Lapa, onde canta todos os sábados, às 23 horas . A noite é sua companheira, e Ana chega a brincar com o horário do começo dos shows no Sesc, 19 horas - "A essa hora eu tô acordando...".
Na sexta-feira, dia do show, a plateia era majoritariamente feminina - da terceira idade, bem entendido. "Tô vendo que 99% da plateia são mulheres", diz Ana, logo após a primeira música. São mulheres em sua maioria separadas, viúvas ou simplesmente solitárias que não perdem um espetáculo no Sesc. Pois quem não compareceu, ora, perdeu um ótimo show! Entre os músicos que acompanham Ana há até um guitarrista, e a cantora apresenta parcerias com uma turma mais ligada ao pop, como Zélia Duncan, Moska e Mart'nália. Simpática, vai ganhanmdo o público aos poucos, intercalando canções dela e de parceiros com clássicos consagrados da música brasileira. Sua interpretação para "Feitio de Oração" de Noel Rosa, é um dos destaques. Ana é versátil a ponto de emendar "Sem compromisso", de Geraldo Pereira, a "Homenagem ao malandro", de Chico Buarque, e mais tarde fechar o show com um pout-pourri de sambas e afoxés de Martinho da Vila. Saímos de lá e emendamos no Bar da Portuguesa, um dos participantes de Ramos do festival "Comida de buteco", com seus deliciosos pastéis, caldos e bolinhos de aipim. Uma ótima noite.
Aliás, a celebração destes shows no subúrbio de Ramos não deixa de ser uma bela homenagem ao bairro que ostenta a sede da Imperatriz Leopoldinense e foi moradia de ases como Pixinguinha e Paulo Moura. Segundo Nei Lopes, no livro "Zona Norte - Território da alma carioca", se não houvesse Ramos, não haveria o Cacique de Ramos. "E sem Cacique não haveria o pagode inovador dos anos 80, forma revolucionária de se interpretar o samba, com tantãs, banjos e repiques, trazida pelo grupo Fundo de Quintal e que revelou ao Brasil o talento de Zeca Pagodinho, moleque de Del Castilho e Irajá".
Os anos 80 revelaram muita gente boa do pagode e samba. E revelaram também uma menina que tocava tão bem o bandolim e o cavaquinho que chegou a aparecer no Fantástico, da TV Globo. Nessa época ela gravou a série de discos "Choro de menina": seu nome era Nilze Carvalho. Agora, mulher feita e linda, ela embala as noites de sábado do Centro Cultural Carioca, no Centro do Rio, à frente do grupo Sururu na Roda, e também faz shows solo como este no Sesc.
A abertura do show, com "Coisas nossas", de Noel Rosa, já antecipa o que vem por aí. Nilze celebra não só o samba, mas diversos gêneros brasileiros, que ela e sua banda tocam precisamente. Seu show começa no Rio, com samba e choro; passa por Minas, onde Nilza entoa uma bela toada; aporta em Pernambuco, onde o frevo levanta o público; e desemboca em baiões e forrós nordestinos. Sua interpretação ao bandolim para o clássico "Feira de Mangaio" é simplesmente sensacional.
Nilze arrebata o público ao tocar com a banda uma seleção de choros, inclusive um de sua autoria, composto, segundo ela, "há mais ou menos 28 anos". Depois, retorna ao samba, anuncia que vai cantar dois sambas para a plateia cantar junto e ganha de vez a audiência interpretando Chico Buarque ("Quem te viu quem te vê")e Caetano e Gil - "Desde que o samba é samba". Cantamos, e confiamos nestes lindos versos:
O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é pai do prazer
O samba é filho da dor
O grande poder transformador
Fim do show, animadíssimo, com homenagens ao Salgueiro e a Portela. Nilze, assim como Ana Costa, tem que estar no Centro do Rio dentro de algumas horas para se apresentar a um público mais notívago. Simpática, a cantora abre o camarim para autografar seu CD (vendido no show) e tirar fotos com fãs. Na fila, um senhor com a camisa da Imperatriz carrega orgulhoso um disco em vinil da série "Choro de menina", com uma Nilze ainda garota na capa. Pergunto qual seria o ano de lançamento daquele LP. "Rapaz, tem tempo, viu? Acho que ele é de 1982 ou 1983..."
Pois aquela menina nascida no subúrbio carioca cresceu e continuou levando seu bandolim virtuoso a diversas partes do mundo, até aquela noite da semana passada em que ela pisou o palco do Sesc Ramos. Quando voltará, Nilze? "Ora, é só me convidarem", conclui a cantora, distribuindo simpatia.
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