sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovsky no Oi Futuro

Quarta-feira, 2 de dezembro. Dia do Samba. Corro às pressas para a rua 2 de dezembro (!), no Catete. O motivo: a aula-show de José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovsky no Oi Futuro. Dois paulistas cujos sobrenomes europeus a princípio não revelariam uma intimidade com o ritmo carioca. Mas, felizmente, só a princípio.



A dupla de acadêmicos, com vários livros lançados sobre música, literatura, história, literatura infantil e afins podem tranquilamente ser considerados doutores em música popular brasileira. E o que é melhor, sem ranços herméticos ou estéticos. Lembro das excelentes palestras de Wisnik na FLIP, em, Paraty, sobre Guimarães Rosa e, mais adiante, sua facilidade em misturar a música na época de Machado de Assis com os sambas urbanos de Noel Rosa. Quanto a Nestrovsky, cuja obra de não-ficção eu já conhecia em parte, foi na mesma FLIP que comprei um belíssimo livro infantil - "Bichos que existem e bichos que não existem" - e presenteei o meu filho. Já conhecia os dotes pianísticos e de compositor de Wisnik, mas desconhecia, á época, que Arthur era também um craque no violão.

O show estava marcado para começar às 19:30h. Chego às 19h e sou avisado que só tem haverá lugar na fila de desistências. Por sorte sou o terceiro na fila. Há esperança.

Consegui o ingresso! às 19:45h, começa o evento no Oi Futuro - por que um teatro tão pequeno para dupla tão perfeita?, eu me pergunto. A dupla faz temporada carioca, mas não espere mega-espaços como Citybank Hall e Vivo Rio. A intimidade com o público é essencial num show deste nível.

Na quarta-feira, o primeiro show (serão dois)no Oi Futuro, o tema foi "Da música a letra", e os dois tocaram várias canções do Wisnik (com parceiros como Jorge Mautner, Luiz Tatit e outros) e alguns clássicos da MPB.

O interessante do show e seu charme é o conceito de aula-show: os músicos, intépretes e copmpositores não só cantam mas também explicam explicam o processo de composição de várias letras e músicas. Imperdível foi quando tocaram Nelson Cavaquinho - "Luz negra", "Juízo Final", "Folhas secas" e explicaram as melodias do mestre do samba. Deu pra ver que Wisnik venera o cara. Houve espaço para um samba exaltação a Sócrates (o jogador com nome de filósofo), considerações sobre "Pecado original", o samba-choro de Caetano inspirado em Nelson Rodrigues e sua última peça, "A serpente", um tango russo misturado com samba e até um momento sertanejo da "dupla caipira" Wisnik e Nestrovsky.

Enfim, um evento pra não se esquecer. Semana que vem tô lá de novo!!!

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