Um dos maiores prazeres de assistir ao filme "O artista", candidatíssimo ao oscar de melhor filme de 2012, está em acompanhar a atuação do melhor amigo do protagonista, um cãozinho da raça jack russel terrier chamado Uggie, que dá uma verdadeiro banho em cena. Uggie é tão bom que consegue dançar, se envergonhar, fingir de morto e até salvar a vida de seu dono nesta deliciosa obra muda que homenageia a era clássica do cinema em Hollywood. Leio no site do G1 que o cão acaba de ganhar um prêmio nos Estados Unidos, o Golden Collar Award (algo como "coleira de ouro"), desbancando outro cão em destaque nos filmes do Oscar, o doberman Blackie, do filme "A invenção de Hugo Cabret". Uggie também ganhou prêmios na Europa, entre os quais uma "palma de ouro canina", dos franceses, deliciados com sua performance.
Infelizmente Uggie não foi convidado a participar da cerimônia do Oscar 2012. Uma pena. Havia rumores de que o apresentador Billy Cristal e Uggie estariam até preparando um número em conjunto para a cerimônia, mas a academia nega. Pior para a academia: no Globo de Ouro, premiação na qual "O artista" saiu como grande vencedor, Uggie estava lá, no colo do ator e protagonista Jean Dujardin, "agradecendo" os prêmios recebidos.
Tirando o doberman Blackie do filme de Scorcese, o qual ainda não vi, penso que o único cão que poderia competir com Uggie seria Milu, o mascote de Tintim, do filme de Spielberg. A diferença óbvia é que Milu não existe de fato - é uma criação digitalizada,dentro da técnica impressionante da equipe do filme, que faz os seres de animação parecerem reais. O cão de Milu, assim como Uggie, também é bastante inteligente e tem papel importante em todas as histórias de Tintim. Sendo que nos quadrinhos da série, que devorei avidamente na minha infância, Milu também pensava e ajudava o repórter detetive a sair de várias enrascadas.
Milu ou Uggie? Apesar de ser fã de Tintim, de ter gostado muito do filme (meu filho já me perguntou pra quando é o "Tintim 2"), fico com Uggie. Nada contra a tecnologia, mas só de saber que Uggie é real, e que suas peripécias não foram obra de homens por trás de computadores e pranchetas, mas sim de muito empenho de seu treinador, escolho o astro canino de "O artista". Não ha ali bichos recriados digitalmente, como no recente "O planeta dos macacos" ou "O zelador animal" - tão bem feitos e manipulados que impressionam. Há, na verdade, uma atuação comovente do cãozinho e que realça o tom singelo do belo filme francês. É um animal de carne e osso, assim como aqueles que atuam em "Cavalo de Guerra", também em Spielberg, que ao contrário do que fez em "Tintim, preferiu usar cavalos de verdade no filme (li em uma entrevista que em apenas duas cenas o diretor recorreu à tecnologia digital). "São grandes atores", disse. É verdade - a cena em que os dois lados em conflito na guerra fazem uma trégua para juntos salvarem o pobre cavalo preso num emaranhado de arames farpados é uma das mais belas do cinema recente.
Por aqui, vou ficar na expectativa de muitos prêmios para "O artista" na festa do Oscar. E que de repente a academia volte atrás da decisão e faça como palma e o globo de ouro, liberando a entrada de Uggie na cerimônia. Nem que seja apenas para fazer xixi no terno de Billy Cristal...
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