Um assunto recente foi motivo de controvérsia no Brasil: a execução de um brasileiro, por tráfico de drogas, na Indonésia. Marco Asher tinha 53 anos e fora preso em 2004, ao entrar entrar naquele país com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos e uma asa delta. Após a droga ter sido descoberta pelo raio-X do aeroporto, o brasileiro ainda conseguiu fugir, mas acabou preso novamente 12 dias depois. No dia 18 de janeiro de 2015, Marcos foi executado pelo pelotão de fuzilamento.
De nada adiantaram os inúmeros pedidos de clemência do governo brasileiro. Após a execução, a presidente Dilma Rousseff se mostrou "consternada e indignada" com o episódio. Há poucos dias, a situação diplomática entre os dois países piorou bastante, após o governo brasileiro ter decidido adiar as credenciais do embaixador da Indonésia em Brasília - ato que representaria o começo das atividades do estado indonésio no Brasil, O governo indonésio considerou o ato uma hostilidade e mandou seu embaixador voltar. Para muitos analistas de política internacional, foi um péssimo ato da diplomacia brasileira, pois ainda há outro brasileiro no corredor da morte na Indonésia.
A execução de estrangeiros em determinados países que ainda possuem pena de morte é hoje um ato que, como no caso brasileiro, pode levar a incidentes diplomáticos entre os países envolvidos. Mas houve tempo em que execuções de criminosos eram comuns e reuniam muita gente em praça pública para testemunhar o fato. Em 1845, Charles Dickens, que além de grande escritor também trabalhou por toda a sua vida - com intervalos mais ou menos esparsos - como jornalista, esteve na Itália, onde presenciou um homem ser guilhotinado. Este episódio marca a volta da série "lides imperdíveis", para a qual transcrevo o primeiro parágrafo da reportagem "Um homem é guilhotinado em Roma". Em apenas um parágrafo, Dickens reconstitui o crime bárbaro que motivaria a pena de morte, com um vigor de escrita que poderia facilmente ser tema de um conto ou romance:
"Numa manhã de sábado (8 de março), um homem foi decapitado aqui. Nove ou dez meses antes, ele assaltara na estrada uma condessa bávara que viajava como peregrina à Roma - sozinha e a pé, por certo - e fazia, diz-se, este ato de devoção pela quarta vez. O homem a viu trocar uma peça de outo em Viterbo, onde ela morava; seguiu-a; fez-lhe companhia na viagem por uns 64 quilômetros ou mais, sob o traiçoeiro pretexto de protegê-la; atacou-a, no cumprimento de seu implacável propósito, na Campagna, a muito pouca distância de Roma, perto do que se chama (mas não é) o Túmulo de Nero, roubou-a e espancou-a até a morte com o cajado da própria peregrina. Era recém-casado, e deu algumas das roupas da vítima à esposa, dizendo que comprara numa feira. Ela, porém, que vira a peregrina passando pela cidade, reconheceu algum detalhe como pertencente à condessa. O marido então disse-lhe o que havia feito. Ela, em confissão, contou a um padre; e o homem foi preso, quatro dias depois de ter cometido o assassinato."
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