segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marginal Interrompido, ou O fascínio e o vício das redes sociais

Caro leitor: por pouco você não lê esse blog com outro título. O motivo de minha ausência por quase dois meses (uma eternidade, em se tratando de um blog!) foi o fato de o terem confundido inadvertidamente com um blog de spams (?!). Sim, meus caros, este humilde espaço, que é totalmente a favor da liberdade de expressão, foi rigorosamente fechado com tranca e tudo por pouco mais de um mês, enquanto os investigadores do BLOGGER decidiam se ele era realmente um 'spanador" ou não! Que situação...

Até pensei em criar outro blog, alternativo, com o nome de "Marginal Interrompido", na esperança de que o restaurassem mais rápido. Mas enfim, estou de volta, para gáudio de alguns e desdém de outros, pronto para discutir discutir comunicação, música, cinema, cultura pop e o que mais rolar. Vamos que vamos!

Por hora, como o tempo é curto, gostaria de discutir rapidamente sobre um tema que é pule de 10 em qualquer discussão sobre o papel da Internet e das mídias sociais em nossa terra brasilis: a adesão incontrolável de grande parte dos internautas brasileiros aos sites "sociais". Sim, nosso país apresenta um dos maiores índices do mundo no número de adeptos de redes sociais como orkut, facebook, twitter sonico, myspace etc.

Não há dúvidas de que a Internet deve ser encarada hoje como uma nova mídia que apresentou uma mudança não só tecnológica, mas também cultural e comportamental em grande parte do mundo conectado. Hoje já se comenta sobre como será o futuro comandado pelos chamados "nativos digitais", ou seja, os jovens nascidos no começo dos anos 90 e que cresceram com a internet por perto. São jovens que fazem parte de uma geração multitarefas, que não respeitam hierarquias, veem muitas diferenças entre ler um livro físico e outro online, acreditam no download para obter músicas, vídeos e filmes imperdíveis e dão de ombros para os tradicionais direitos autorais - para eles, copyleft é algo que diz muito mais do que o "antigo" copyright (todos os direitos reservados).

(Que direitos, se a internet é livre para todos? Uma das intenções deste blog é discutir comunicação e filmes, músicas, livros que este blogueiro acha interessante e gostaria de compartilhar com quem passa por aqui. Uma coisa é copiar um artigo de um jornalista ou escritor e publicar como se fosse de minha autoria, o que seria lamentável; outra é buscar discutir artigos e citar o nome do autor, que é o que faço quando comento artigos ou deixo links para vídeos do youtube. Ajudando a propagar coisas interessantes para quem se interessa por cultura, e não propagando spams por aí afora inadvertidamente... ouviu, Blogger?)

Mas voltemos ao ponto que realmente interessa. Nesta nova sociabilidade advinda com as mídias digitais, muitos internautas ficam viciados nesse admirável mundo novo, e já não conseguem imaginar suas vidas sem o acréscimo das mídias sociais. Mas será que a felicidade está mesmo em viver conectado? Há algum tempo atrás havia um anúncio de telefone celular que dizia, "já não dá pra viver hoje sem ter um celular!" Como assim? É verdade que há pessoas até paranóicas, que tem não um, mas três ou mais celulares com números diferentes (família, trabalho, namorada, amante...). Mas também há gente que só usa o aparelho para o essencial - fazer ligações telefônicas, lembram dessa função?

Com as mídias sociais ocorre algo parecido. Pessoas que ás vezes deixam de ir às ruas encontrar um amigo, não aparecem em determinado evento, justamente para "atualizar o orkut" ou "tuitar" a manhã ou a tarde inteira. Sim, meu lado conservador poderia mandar para o diabo que as carreguem as tais redes sociais, mas meu lado marginal concorda que há ali muita coisa interessante - a despeito do grande número de abobrinhas nos trend topics do Twittter.

Há coisa de dois ou três meses a Época lançou um caderno especial sobre as redes sociais. Havia ali um artigo que informava sobre um suicídio coletivo no Facebook. O tal "suicídio" nada mais era que a decisão de alguns internautas americanos em abandonar o site, incomodados com a falta de privacidade. Muitas pessoas se esquecem de que as informações ali contidas são compartilhadas por milhares, milhões, e uma opinião preconceituosa - ainda que seja uma piada - pode repercutir mal até entre os patrões e custar o emprego de alguém. O fascínio desmedido e sem critério pelas novas redes sociais deve ser um alerta para os desavisados. Cada mídia é o que a gente faz dela.

Por hora, deixo com vocês - para rir e pensar - um cartum de um autor que admiro bastante, não fosse ele também um verdadeiro "marginal" entre os desenhistas/cartunistas/autores de quadrinho brasileiros. Sim, é difícil classificá-lo, pois o cara é até cineasta, e já cometeu pérolas como "Deus é pai". Estou falando de Allan Sieber, criador da série em quadrinhos "Preto no branco", do blog Allan Sieber talk to himself show. Recomendo o site e reproduzo dali a provocante história abaixo.



Eu, de minha parte, vou acabar esse post e abrir um livro. Depois vou escutar música e dar uma caminhada. São coisas boas que a vida oferece - não desprezo as novas mídias, mas acredito que as melhores "redes sociais" são aquelas formadas quando encontramos com nossos amigos de verdade.

Mas eu volto. Até o próximo post!