segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Feliz 2013!! A minha lista

Eu bem sei que muitos não lerão esta última postagem de 2012 neste tão inconstante blog. Afinal, foram vários (sete!) meses sem postagem alguma, o que fere um dos postulados básicos de quem deseja ser lido: a periodicidade. Tudo bem que houve o período de trabalho, para preparar aulas e lecionar na faculdade. Houve também a viagem à Europa nas férias de julho - a qual, embora riqúíssima culturalmente,  infelizmente ainda não mereceu um únco post por aqui. Eu poderia dar vários motivos para não ter escrito regularmente neste blog, mas não vou chateá-los com eles. O que me impulsiona a voltar a escrever mesmo neste calor infernal é que pude constatar que vários dos posts aqui publicados foram lidos. Alguns mereceram comentários, até. Então, vou em frente. O importante é que vem chegando um novo ano, e como tal data inspira novos desejos, o plano é de publicar mais em 2013, postando a princípio quatro posts por mês (pelo menos um por semana, como já fiz um dia), e continuar levando aos leitores um pouco de meus comentários e impressões sobre o mundo da comunicação e cultura.

Por hora deixo um balanço do que achei de mais interessante neste ano de 2013 no campo da cultura e que vale a pena compartilhar com vocês.

Nos livros, li durante as férias de julho um romance imperdível sobre jornalismo e jornalistas. Trata-se de "Os imperfeccionistas", de Tom Rachman. O autor é inglês, ex-repórter e sabe do que está falando. Rachman descreve os últimos dias de um jornal impresso sediado em Roma e escolhe cada capítulo para um personagem da redação em particular. Há o correspondente internacional que tenta cavar uma matéria por vias não muito éticas em Paris; há o hilário caso do repórter inexperiente que é constantemente passado para trás por outro jornalista interessado em seu cargo, uma "cobra criada" típica; temos a jornalista de economia workaholic e carente que se apaixona por um malandro italiano; o editor que tem prazer em humilhar na redação os reponsáveis por títulos ridículos ou demais erros na redação das matérias etc. Enfim, um mosaico de uma típica turma de jornalistas que poderia estar em qualquer canto do planeta...



No cinema, infelizmente perdi o Festival do Rio e muitos dos títulos ali exibidos, os quais só agora me encontro correndo atrás para conferir. Mas creio que os melhores estiveram ainda no primeiro semestre, entre eles dois que devo citar: a ousadia de "O artista", mudo e em preto e branco, que levou o Oscar de melhor filme; e "A invenção de Hugo Cabret", de Scorcese. Ambos são emocionantes e belíssimas homenagens ao cinema dos primeiros tempos. Não só os recomendo como tive a oportunidade de mostrar uma sequência de "O artista" para meus alunos de História da Comunicação, quando falava sobre a passagem do cinema mudo para o sonoro, tema principal do filme. Mas talvez o melhor filme do ano tenha sido o iraniano "A separação". Um roteiro sensacional, muito bem conduzido e interpretado. Daqueles poucos filmes que a gente sai do cinema disposto a conversar horas sobre ele. Na safra de filmes de super-heróis, o último Batman foi melhor que os Vingadores, fechando muito bem a trilogia; e dentre os meus cult movies do ano (meu deus, há quanto tempo não uso essa palavra!) está com certeza "As vantagens de ser invisível", ótimo drama adolescente com deliciosa trilha sonora oitentista. Quem é tímido e não era popular na escola com certeza se identificará com o personagem principal.
http://youtu.be/IWuVzxH3WeY No teatro, outro ponto cultural o qual fui pouco, gostei muito de duas peças: "O deus da carnificina" (que também virou um bom filme, do Polanski) e "À primeira vista". Ótimos atores a serviço de ótimos textos. A emoção maior, contudo, foi acompanhar a peça sobre as canções de Milton Nascimento, "Nada será como antes", no Teatrro Net, em outubro. Um espetáculo sensacional com canções maravilhosas.

Música? Confesso que estive acompanhando pouco os lançamentos e mergulhado em velharias pop, tanto em CDs como em vinil. Nos CDs, atualizei minha coleção de GIlberto Gil com os disquinhos do mestre lançados em bancas de jornal, local no qual encontrei também álbuns clássicos de Milton Nascimento, como o "Clube da Esquina 2", há muito tempo acalentado, só agora comprado. A volta gradual dos vinis - objeto pelo qual tenho verdadeiro fetiche - foi uma grande alegria. Foi ótimo sair de sebos (ou grandes casas do ramo, no caso europeu) na companhia de artistas como Van Morrison,  Frank Sinatra, John Coltrane, Jeff Buckley, Serge Gaisnbourg, Neil Young, Elvis Costello e vários outros que só enriqueceram minha coleção. Como diria o protagonista de "Alta fidelidade", há poucas coisas tão boas como ficar em casa acompanhado de sua coleção de discos.

No entanto, acompanhei de longe o estouro do tecnobrega aqui no sudeste, em particular a poderosa Gaby Amarantos. Ouvi muito o CD do grupo "Do amor", o trabalho solo de Jack White, "Blunderbuss" e estou no aguardo para comprar o "Abraçaço" de Caetano, além de "Chanel Orange", de Frank Ocean, dois
destaques de 2012.

No rádio, a melhor notícia foi a volta do programa Ronca Ronca, de Maurício Valadares, na Oi FM, agora somente em versão digital. Na boa, foi o melhor presente de Natal que eu poderia ter recebido. Acompanhei o programa em suas variadas encarnações desde os longínqüos anos 80, ainda na Fluminense FM, quando se chamava "Rock Alive". E fico na espera de que Maurício ainda comande muitos outros anos de rádio e boa música.

Pra fechar, a área de shows, outra da qual estive pouco presente, mas que não poderia deixar de citar por um evento bastante especial: o show de Moraes Moreira e seu filho Davi Moraes no Circo Voador no qual tocaram na íntegra o maravilhoso repertório de "Acabou chorare", disco que fez 40 anos em 2012 e que já mereceu postagem aqui mesmo em fevereiro. Um daqueles momentos para não se esquecer: Moraes começando o show contando em forma de cordel a história dos Novos Baianos em meio a ditadura dos anos 70 . Uma ótima banda. Davi emulando Pepeu de forma sensacional e todo o público - até quem viria a nascer bem depois do lançamento do disco - cantando junto todo o repertório do álbum. (Pensando bem, nem tudo está perdido...).

Enfim, uma noite especial. Reflexo de um ano também especial. Que venha 2013. Um feliz ano novo a todos!