sábado, 24 de dezembro de 2011

Smile! É Natal

Finalmente, nos estertores de 2011, Marginal Conservador está de volta. Sei que para manter um blog hoje em dia deve-se seguir à risca uma das regras básicas para fisgar letores, que é mantê-lo sempre atualizado. Bem, um tanto por falta de tempo, e bastante por desorganização interna, deixei de postar artigos aqui pelo período de sete meses... Mas a vontade de escrever voltou forte e estou de volta. Sei que posso ter perdido alguns dos meus poucos leitores, sei também que estou voltando praticamente do zero, mas a necessidade interna de postar aqui observações sobre a comuicação, a música, o cinema e o mundo continuam. E, como o fim de ano é época de promessas - que nem sempre são cumpridas, é certo, rsrs - prometo que em 2012 o blog terá finalmente uma periodicidade razoável. Por enquanto, ocuparei este final de ano com pequenas pílulas; assuntos que eu gostaria de ter escrito e deixei passar.

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2011 foi um ano de grandes avanços tenológicos, apesar da perda de Steve Jobs, um dos grandes gênios de nossa era. A cada mês um sem-número de inovações dentro das mídias digitais é lançada. Filas quilométricas - que antes só se formavam para o lançamento de uma obra cultural bastante esperada - para os lançamento de um no gadget eletrônico são constantes. Ao mesmo tempo, o mundo europeu passa por grave crise econômica e há revoltas populares em diversas partes do mundo. Especial atenção deve ser dada às revoltas que começaram a proliferar em janeiro no Oriente Médio e que fez brotar a chamada Primavera Árabe. Diferente das revoluções armadas do passado, um dos diferenciais das insurreições no Egito e Tunísia foi o papel das redes sociais (como o Facebook e o Twitter) nas manifestações, que levaram milhares às ruas e forçaram a saída de "faraós embalsamados" há décadas no poder. Sim, com a internet ficou mais difícil para o poder instituído controlar os meios de comunicação da mesma forma que faziam antes, ou seja, apelando para violência e a censura. A internet não foi a causadora das revoltas no mundo árabe, mas teve papel fundamental como catalisadora destes eventos.

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Falando de censura, de forma velada ou não, ela também esteve entre os personagens non gratos de 2011. Como estão vendo, Marginal Conservador volta bem mais marginal que conservador neste fim de ano. A censura esteve presente na proibição do filme sérvio "A serbian movie: terror sem limites" no meio do ano, pela Caixa Cultural, e também com o cancelamento da mostra de fotografias da artista americana Nan Goldim no Oi Futuro, também no Rio. Sobre esta última mostra, agora prevista para acontecer no MAM, transcrevo um ótimo comentário feito por Francisco Bosco em sua crônica do Globo:

"Não posso deixar de comentar a infeliz decisão do Oi Futuro de censurar – é essa a palavra – a mostra de Nan Goldin, para mim uma das maiores artistas do mundo. Pois é importante perceber que essa censura por critérios de mercado (as fotos não são rentáveis para a imagem da empresa) é tão política quanto a censura tradicional, típica de poderes totalitários: ela impede representações alternativas do mundo, outros modos de interpretar e propor a vida. Viva o MAM, que prontamente acolheu a mostra.”

Apenas para arrematar. A censura ao filme sérvio ocorreu porque a Caixa receava perder certos clientes que, mesmo sem ter visto a obra, teriam ficado indignados coma as "fortes cenas" do filme. Ou seja, uma censura também por motivos econômicos.

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Sim, foram muitos assuntos sobre os quais eu deveria ter escrito e por diversas razões deixei passar. Mas, depois de falar sobre revoltas no mundo e retorno da censura, não posso deixar de comentar momentos felizes que fizeram deste meu final de ano. Primeiro, a festa de 300 edições do programa Ronca Ronca, de Maurício Valladares, no Teatro Rival do Rio, com muita música boa e variada, sem clichês ou imposições caretas, e o show da banda Os Roncatripas, especialmente formada para saudar as trezentas edições do programa, que me revelou tantas novidades sonoras que hoje fazem parte de minha vida. Eu, que acompanho o programa do DJ e fotógrafo vascaíno desde os anos 1980, quando começou na saudosa Flumninense FM, não pude deixar de apertar a mão do Maurício e agradecer pelo trabalho no rádio. Que venham muitas outras festas e mais trezentas edições do Ronquinha.

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É curioso que um dos hábitos mais excitantes para aqueles fanáticos por música, que é procurar pepitas escondidas em lojas de discos, sem uma direção específica, apenas pelo prazer de descobrir aquela canção ou LP que marcará seus dias, sua vida, esteja se perdendo com as cada vez mais raras lojas de disco. Mas ainda há salvação. No começo desta semana dei de cara com a edição recém-lançada no Brasil do lendário álbum SMILE, dos Beach Boys, que seria lançado em 1967, mas por diversos motivos acabou sendo engavetado por décadas. Durante anos o mundo só pôde ouvir algumas pérolas que estariam no LP, como "Good Vibrations" (o primeiro compacto a vender mais de 1 milhção de cópias na histíoria da música e "6º melhor música de todos os tempos" no ranking da revista Rolling Stone), "Heroes and Villains" ou "Surf's Up". Conta a lenda que Brian Wilson, o autor destas gemas pop, perfecionista ao extremo e um dos maiores artífices da música pop em todos os tempos, teria "surtado" ao ouvir o disco "Sargeant Peppers" dos Beatles, naquele mesmo ano, e ambicionbado fazer um disco ainda melhor que o clássico dos clássicos dos Beatles. Infelizmente não foi possível na época. Mas hoje, se vc gosta de música, proponho um desafio: experimente deitar num sofá próxiumo a uma boa aparelhagem de som. Desligue a TV, o computador e esqueça o celular em algum lugar. Coloque no CD-player esta versão nova e definitiva de SMILE e aproveite estes qusase 60 minutos do que o próprio Brian Wilson, em suas palavras, ambicionou fazer: uma sinfonia adolescente para Deus.

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Pois é, Deus com certeza aprovaria esta sinfonia maravilhosa de Brian Wilson, com os vocais celestiais dos Beach Boys. Seria uma bela trilha para este Natal. Dito isto, me despeço, com um até breve, e com os votos de Boas Festas a qualquer fã de cultura e comunicação que passar por aqui. Para todos vocês, deixo de lembrança esta delicuiosa canção e Natal interpretada pela dupla She & Him, no programa da Ellen de Generis. Abraços a todos!