sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Cinco canções de amor (e críticas) ao Rio de Janeiro


Neste sábado, 1º de março, começo oficial do Carnaval, é também aniversário de 449 da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, a cidade onde eu nasci e me criei. Inspirado no post sobre SP e o show "São Paulo amor e ódio", volto ao tema, desta vez com cinco canções inspiradas na cidade do Rio de Janeiro. Não só cariocas mas artistas de todo o Brasil e de fora deixaram para a posteridade músicas lindas sobre o Rio, e foram estas, de forma bem pessoal, que descrevi abaixo. Fica como homenagem deste blogueiro carioca a esta cidade que - mesmo com todo o caos no trânsito, toda incivilidade reinante e problemas diversos - ainda é, de fato, maravilhosa


1) "Valsa de uma cidade" - Antonio Maria e Ismael Neto - Coube a um pernabucano (Maria) escrever os versos de uma das mais bonitas canções para o Rio de Janeiro. Regravada inúmeras vezes (até pela Hebe!), eu a conheci na versão de Caetano Veloso em seu disco de 1987. E desde então eu não me canso de ouvi-la.




2) "Saudades da Guanabara" - Moacir Luz, Aldir Blanc e Paulo Cesar Pinheiro. De 1960 até 1975 o Rio também podia ser identificado como Guanabara. Era uma unidade da federação separada do Estado do Rio de Janeiro, em virtude da transferência da capital para Brasília. O trio fez a música - um belíssimo samba-enredo - inspirado por um sentimento nostálgico, de que durante a época da Guanabara o Rio teria passado por suas maiores e melhores transformações. O que era nostalgia tornou-se um hino de quem luta pela grandeza de sua cidade. Qual carioca não se arrepia ao ouvir os versos "Brasil, tira as as flechas do peito do meu padroeiro, que São Sebastião do Rio de Janeiro ainda pode se salvar"")




3) "Cidade Lagoa" - Sebastião Fonseca e Cícero Nunes. "Essa cidade que ainda é maravilhosa, tão cantada em verso e prosa desde o tempo da vovó. Tem um problema vitalício e renitente, qualquer chuva causa causa enchente, não precisa ser toró". Taí uma canção que parece ter sido composta ontem mesmo, pra quem mora no Rio e conhece o cotidiano anual de chuvas fortes na época do verão. Trata-se de um  samba de breque composto em 1959 e que foi um sucesso na gravação de Moreira da Silva. Traduz a ironia e o bom humor que o carioca precisa ter para lidar com coisas bastante sérias: enchentes, descaso das autoridades, mortes anunciadas. Nos últimos anos, teve duas regravações, de Jards Macalé e Monica Salmaso.



4) "Rio 40 graus" - Fausto Fawcet., Carlos Laufer e Fernanda Abreu. Lançada por Fernanda Abreu em 1992, no álbum "SLA 2 - Be Sample", a música contagiante do trio é um rap apocalíptico sobre o Rio, no qual o amor e ódio, a beleza e a feiúra, o "purgatório da beleza e do caos" de que fala a letra estão sempre juntos nessa cidade de contrastes e delimitada por áreas prestes a explodir. Zuenir Ventura já tinha cantado a bola em seu livro "Cidade partida". Com decisão, Fernanda canta "O Rio é uma cidade de cidades misturadas". Talvez, quando estas cidades misturadas se derem conta de que são uma unidade imensa e contrastante, talvez seja tarde demais para salvá-la. Mas encontraremos um jeito.



5) "Cadê a viga?" - Cássio e Rita Tucunduva. Não poderia encerrar esta pequena lista com uma marchinha. Poderia ser a manjadíssima "Cidade maravilhosa", mas essa fala por si só e aqui é considerada hors concours. Há várias marchinhas que falam do Rio (só pra lembrar de um exemplo é só repetir a clássica "Rio, cidade quen me seduz, de dia falta água, de noite falta luz") Essas composições, muitas ingênuas e lembradas apenas na época do Carnaval, tamb ém serviram para denunciar mazelas das grandes cidades. Como na campeã deste ano do concurso de marchinhas da Fundição progresso, "Cadê a Viga": os versos "Senhor prefeito, não é intriga, aonde foi que enfiaram aquela viga? " diz respeito ao sumiço das vigas da área da Perimetral, no Centro do Rio, quando mais de uma tonelada de vigas sumiram da noite para o dia, num roubo até hoje não solucionado. Taí, enquanto não choramos nossa miséria, cantamos as músicas que falam do Rio.



E para todos que pararam por aqui, um ótimo Carnaval!!!
  

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Estação Botafogo - minha escola de cinema

Leio no Globo desta semana que o cinema Estação Botafogo - assim como todo o grupo Estação, formado por 16 cinemas - encontra-se em crise financeira, e corre o risco de ir à falência. Não é a primeira vez que o grupo é levado a uma crise, e torço bastante para que eles encontrem uma saída. Caso isso não aconteça, seria um golpe fatal em toda uma geração de cinéfilos cariocas (dentre os quais me incluo) que aprenderam a curtir cinema de qualidade naqueles cinemas. Tanto que até uma página foi criada no Facebook (veja aqui). Muita gente aproveitou o espaço para inserir ali suas lembranças sobre o cinema. Eu, que frequento o espaço desde os anos 1980, quando havia apenas o "Cineclube" Estação Botafogo, não poderia deixar de comentar minha trajetória como frequentador do local. Até poque foi ali que passei alguns dos momentos mais marcantes de minha bagagem cultural.



A primeira vez em que estive no cinema Estação Botafogo foi para ver o filme "Blade Runner: caçador de andróides", numa noite perdida de 1987. Lembro que estava com dois amigos, e o então "cineclube" começava a receber notas da imprensa sobre sua programação alternativa. Não era um ambiente de cinema "normal". A fauna ali era visivelmente diferente de quem frequentava cinemas de rua (ainda frequentes, mas já em decadência com a corrida aos videocassetes) ou os de shoppings. Antes do filme, chegamos a comentar que alguns dos indivíduos presentes na sala de espera bem podiam ser um dos replicantes do filme de Ridley Scott. Eram apenas apaixonados pela sétima arte.

Sim, porque há aqueles frequentadores cada vez mais ocasionais de cinema - como a maioria, já que hoje em dia, com o encarecimento dos ingressos, ir ao cinema deixou de ser um hábito semanal, como era na minha infância e adolescência -,  e os cinéfilos ou apaixonados não só pelo filme em si, mas por todo o contexto da obra e do ritual cinematográficos. Para essa gente, não basta ver um filme e depois comer uma pizza. Há que se discutir o roteiro, a direção, os atores, a linguagem utilizada, além do prazer compartilhado de conferir um filme nos jornais, arrumar-se, sair de casa, pagar ingresso e aguardar o começo do filme na enorme tela em frente, tela essa que nenhuma tela de TV, por mais ultramodernas que estejam, ainda não conseguiu igualar. Para toda essa gente, o Estação Botafogo era simplesmente o cinema.  

O cinema é um companheiro dos solitários, os românticos e daqueles perdidos de amor. Muitos casais deram seu primeiro beijo dentro de um cinema, e o Estação não foi exceção. Outros, fugiram para o cinema para, na falta de algum companheiro para chorar suas mágoas, acompanhar na tela toda aquela ilusão roteirizada e tentar por uma ou duas horas escapar da tristeza de uma amor não correspondido. Foi o meu caso numa tarde de sábado quando, após ter levado um "não" da garota que eu me apaixonara num cursinho de pré-vestibular, acorri ao Estação para ver "A encruzilhada", um filme sobre um músico talentoso de blues (o então famoso "karatê kid" Ralph Macchio), que vai atrás de uma canção perdida do lendário Robert Johnson. Uma frase dita por um dos personagens marcou aquela ida ao cinema: "Blues é a dor que sentimos quando a mulher que amamos vai embora". Pelo menos eu não era o único a sofrer uma desilusão amorosa naquele dia. Meu colega do outro lado da tela também estava triste.  

Foi no Estação que vi pela primeira vez "Cidadão Kane", num curso ministrado pelo cineasta e jornalista Pedro Camargo, e que abriu minha cabeça. Eu estava fazendo 18 anos naquele dia, e foi realmente especial para mim. Mais tarde vieram os grandes clássicos, como "Jules e Jim", de Trufaut, "Um corpo que cai", do Hitchcock, "Noites de Cabíria", do Fellini, "Lolita", do Kubrick e vários outros, sem contar com os cult-movies, como "Depois de horas" (Scorcese), "Dublê de corpo" (Brian de Palma), "O fundo do coração" de Coppola ou "Coração Selvagem" de David Lynch. Foi no Estação que conheci a maioria destes grandes diretores, com filmes difíceis de encontrar fora dali. Em que outro cinema, por exemplo, eu poderia ter aceso a filmes de Luís Buñuel? Jamais esquecerei do impacto de filmes como "O anjo exterminador" ou "Esse obscuro objeto do desejo" numa semana dedicada ao cineasta espanhol. Aliás, esse era um grande barato do Estação: promover mostras dedicadas a um cineasta ou movimento cinematográfico, homenageando diretores, atores etc.Onde mais eu teria acesso a uma pérola como "O homem do Sputnik" (Carlos Manga) numa mostra dedicada às chanchadas? Ou conferir o clássico "Rio 40 graus" no chão, com a sala completamente lotada  e a presença do diretor Nelson Pereira dos Santos.

Todos estes momentos eu vi num único cinema - o Estação Botafogo - bem antes de tornar o Grupo Estação. E é por todos estes momentos especiais que ajudaram a todos nós, que frequentamos aquela sala, amantes do cinema e pessoas mais informadas, que o Estação não pode acabar. Mais que um grande empreendimento comercial, ele é parte da cultura cinematográfica carioca, que ajudou a centenas de pessoas a descobrir que, para além daquele cinema hegemônico americano, havia um enorme contingente de filmes, diretores, atores e atrizes a serem descobertos. Vou encerrar com um clichê, mas não consigo encontrar forma melhor: esse filme não pode acabar de forma triste.



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Tragédias marcadas pelo fogo: um ano da boate Kiss, cinco décadas do circo em Niterói


Cinquenta e dois anos separam duas das maiores tragédias envolvendo incêndios na história brasileira. Em dezembro de 1961, às vésperas do Natal, mais de 500 pessoas (o número exato nunca foi demarcado), em sua maioria jovens e crianças, morreram enquanto assistiam à matinê do Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Em janeiro de 2013, centenas de jovens - em grande parte universitários que arrecadavam fundos para suas festas de formatura - encontraram a morte após um dos músicos da banda que se apresentava no interior da boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, lançar inadvertidamente um foguete (de artifício) no teto do palco do local.
Falta de prevenção contra acidentes, descaso das autoridades, ganância dos proprietários, ambientes com pouca segurança. Todas estas características - presentes em ambas as tragédias - mostram que a realidade brasileira pouco ou nada mudou em cinco décadas. O Brasil infelizmente acostumou-se a acompanhar suas tragédias anunciadas pelos meios de comunicação, sem que a situação melhore para os principais envolvidos: as vítimas expostas ao fogo.
No entanto, no que concerne à cobertura dos veículos de comunicação, podemos afirmar categoricamente que esta se transformou bastante. Se, no primeiro caso, uma cidade traumatizada pelo incêndio no circo acompanhou o fato pelo rádio, jornais e uma incipiente televisão (na época, a TV contava apenas onze anos no Brasil, era ainda um veículo caro e para poucos), em 2013, na tragédia da boate em Santa Maria o Brasil inteiro acompanhou a cobertura jornalística por meio de diversas mídias - muitas delas nem haviam surgido em 1961, como os portais jornalísticos e as redes sociais da internet.

O texto acima é o começo do artigo "Tragédia em dois tempos", escrito em parceria por mim e o aluno Renan Henrique de Oliveira, da faculdade de Comunicação do UniFOA, em Volta Redonda, onde dou aulas. Inscrevi o artigo no Intercom Manaus, no ano passado. Ele foi não só aceito, como suscitou um bom debate em sua apresentação e mais tarde ensejou um convite para virar capítulo de um livro cujo conteúdo seria apenas relacionado à tragédia do incêndio na boate Kiss, que está fazendo um ano neste começo de 2014. O resultado, com textos de autores de todo o Brasil, acaba de sair em e-book, sob o título "Midiatização da tragédia em Santa Maria", organizado pela professora e pesquisadora Ada Cristina Machado da Silveira, do Grupo de Pesquisa da FACOS "Comunicação, identidade e fronteiras". 




A proposta do artigo foi analisar a evolução dos meios de comunicação entre 1961 e 2013 a partir da comparação da cobertura midiática destas duas tragédias separadas pelo tempo. Ou seja, ressaltar as transformações que a cobertura jornalística sofreu nestes 52 anos - o que mudou na rotina e no perfil do jornalista desde então, como se deu a modernização da imprensa neste período, como foi a adaptação do profissional e dos meios às novas mídias eletrônicas e digitalizadas. Sem esquecer quais teriam sido os aspectos similares e diferentes da cobertura entre as duas grandes tragédias.                 

Quem estiver interessado em ler não só o artigo mas o e-book, deixo o link para baixá-lo: 

http://comunicacaoeidentidades.files.wordpress.com/2014/01/midiatizacao_da_tragedia_de_santa_maria_facos-ufsm-1-atualizado.pdf

Boa leitura!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

No dia em que eu conheci...

No dia em que eu conheci o antropólogo Roberto da Matta, eu trabalhava na Rádio MEC Rio como bolsista do programa "E por falar em ciência", um projeto de minha professora de Jornalismo Científico na UFF à época, Érica Franziska. Soube que ele daria uma palestra no antigo campus do Valonguinho e rumei para lá com uma fita cassete estalando de nova, para pedir a entrevista e depois editá-la para a rádio. Ao fim da palestra, tentei me aproximar de da Matta, mas, pela quantidade de gente que o cercava,  vi logo que a entrevista, naquele momento, seria impossível. Quando consegui chegar perto, me apresentar e pedir a entrevista, ele disse que o melhor seria que eu ligasse no dia seguinte, quando falaria comigo. Voltei pra casa e, às 8 horas da manhã, eu estava na rádio MEC, em uma sala com gravadores, telefones e outros equipamentos, pronto para efetuar a ligação. O autor de "Carnaval, malandros e heróis" atendeu um tanto quanto irritado e com voz de sono, mas acabou respondendo às questões e conversando comigo por uns bons 15 minutos. Já tenho material, pensei. Me despedi, fui correndo para a sala de edição. Meia hora depois, eu é quem estava contrariado. O gravador que eu utilizara não funcionou bem e a sonora ficou inviável de ir ao ar. Resultado: a entrevista com Roberto da Matta foi descartada.

Essa história aconteceu em meados de 1994, quando eu ainda era estudante de jornalismo. Foi inspirada na série de colunas do jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, no jornal O Globo, em que ele conta histórias, causos em sua maioria divertidos sobre pessoas famosas que ele conheceu. O presente post é também uma forma de saudá-lo pela volta ao colunismo impresso, depois de estar desde maio de 2013 afastado do jornal. Na época em que eu pesquisava colunas de notas da mídia impressa para minha tese de doutorado, li muito sua coluna "Gente Boa", uma coluna social modernizada. Basta dizer que houve uma época - entre os anos 40 e 50 do século passado - em que o colunista Jacinto de Thormes (pseudônimo de Maneco Muller) chamava seus colunáveis de "gente bem", uma jocosa denominação para "bem nascidos", ou aqueles pertencentes à classe mais alta da elite brasileira. Pessoas "comuns" estavam fora deste mundo e das colunas sociais. Joaquim trocou a terminação para "Gente Boa", com a clara proposta de abraçar não só os ricos e famosos, mas também todos os anônimos que pudessem um dia virar notícia...toda aquela gente boa antes excluída do colunismo.

Agora em 2014, no começo do ano, ele voltou ao Globo, não mais como titular da "Gente Boa", hoje entregue aos cuidados de Cléo Guimarães, mas com uma coluna na última página do Segundo Caderno de volta às segundas-feiras. E eu não poderia de aproveitar este espaço para saudá-lo. Joaquim é um artesão da linguagem e um mestre na arte escrever crônicas. Basta ver este exemplo, que bem poderia estar na série de postagens "lides imperdíveis":

Sexo. São quatro letras que pingam, e espero que elas deixem molhadinha a audiência, chamem a atenção e, como não se fala de outra coisa, grudem na curiosidade de quem passar por aqui. O cacófato "por aqui" por exemplo, já cheira a sexo e, por sua sonoridade lamentável desde já me desculpo. De resto, é uma palavra que doravante será tratada sem culpa, ao estalo do chicote semântico. Eia! Avante! Tudo pelo aumento do pageview e todos os tesões da visibilidade digital. Não se diz mais "me come". A frase mais sussurada é "me compartilha".

(O Globo, janeiro de 2014)

Pois voltemos agora a uma pequena aula de jornalismo dentro da série de histórias de Joaquim envolvendo famosos. Escolhi este exemplo porque há dois grandes jornalistas envolvidos nesta história; um, literalmente, o outro, como homenagem. O primeiro, o craque Elio Gaspari, que dará uma orientação genial ao jovem repórter durante a época da ditadura. O segundo, o americano Gay Talese, que escreveu uma peculiar definição de jornalismo, bem antes que os computadores e seus buscadores virtuais relegassem grande parte dos repórteres apenas aos ambientes assépticos das redações:

No dia em que conheci o coronel Péricles Augusto Machado Neves, todo poderoso presidente do BNH na ditadura Garrastazu Médici, ele na verdade não estava em casa. Péricles presidia a caderneta de poupança, e tinha dado entrevistas dizendo que o brasileiro não sabia poupar, jogava muita coisa boa fora - e o editor Elio Gaspari me encarregou de pegar, em pleno regime militar, a lata de lixo do coronel. Eu me fiz de funcionário da Comlurb. Bati na porta dos fundos do apartamento e o filho do homem, sem estranhar, me mandou carregar o tesouro, a lata de lixo repleta de porções de arroz ainda boas, papelão que poderia ser reciclado, garrafas que podiam ser vendidas etc. A relação de desperdícios deu página inteira na revista em que eu trabalhava - e eu só estou escrevendo isso para lembrar, em plena civilização das assessorias e das entrevistas por e-mail, do tempo em que repórteres gastavam sola de sapato e contavam a História do Brasil fuçando a lata de lixo dos poderosos.          

(O Globo, maio de 2013)

Em tempo: a frase memorável de Gay Talese é: "Jornalismo é a arte de sujar os sapatos". Ou, indo mais longe, sem esquecer de fuçar a lata de lixo dos poderosos.