sexta-feira, 3 de março de 2017

Carnaval passou ...mas as marchinhas politicamente incorretas vão ficar!

Este blog não quer abafar ninguém, mas quer mostrar que gosta de samba também. E agora que o Carnaval passou, não posso ficar sem dar um pitaco na polêmica das marchinhas. Houve um tempo em que nossa cantora mais popular era Carmen Miranda. Seu primeiro grande sucesso foi justamente uma marchinha deliciosa chamada "Taí" (aquela que dizia "Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim...". A marchinha catapultou Carmen ao estrelato e levou-a a cantar em todo o brasil e países da América do Sul, antes de ser descoberta pelos americanos e iniciar uma carreira de sucesso nos EUA.

Carmen costumava muitas vezes iniciar seus show com um chamado à plateia: "Boa noite, macacada!". O público vinha abaixo e caía na gargalhada. Hoje em dia Carmen jamais poderia entoar este grito de guerra: sera acusada de racista e desrespeito com a rica miscigenação brasileira. A alegação dos blocos de que a sociedade evoluiu e hoje em dia não há mais espaço para estas denominações não procede. Claro que grande parte das marchinhas - e muitas de grande sucesso - usam e abusam de termos hoje considerados politicamente incorretos. Porém, são fruto do carnaval, são brincadeira, e o reinado de Momo é a época em que gostamos de brincar e pegar no pé de todo mundo. Homens se veste de mulher, mulheres de homens, gays enrustidos saem do armário e por aí vai. Implicar com a cabeleira do Zezé e elogiar a mulata que já foi a tal faz parte da festa. Quem não tá satisfeito que fique em casa. Mas não tentem censurar estas marchinhas, verdadeiras crônicas de costumes que deixaram sua marca no tempo e não merecem ser esquecidas.

O próprio termo "macacada" era nas primeiras décadas do século uma saudação comum entre amigos que se encontravam para se divertir. O termo ""não pega", como bem lembrou o jornalista Tárik de Souza em recente edição especial do programa Ronca Ronca, era uma expressão que naquela época queria dizer "eu não me importo". Sem aquela conotação racista que tantos apregoam. e já há gente achando que o "transviado" da "Cabeleira do Zezé" quer dizer homossexual...

É por isso que fecho com todas as marchinhas e deixo aqui uma defesa destas canções carnavalescas composta por Eduardo Dussek, um dos mais criativos e divertidos cantores brasileiros e verdadeira autoridade em marchinhas. Dussek compôs e gravou com preta Gil  "Marchinha de Carnaval (politicamente incorreta)". Deveria ser entoada por todos aqueles que defendem um carnaval com mais bom humor e menos patrulhamento:







Marchinha de Carnaval (politicamente incorreta)

Eu sou gostosa, maliciosa
Não leve a mal
Politicamente incorreta
Sou a marchinha de carnaval

Eu sou do jeito que eu quiser
Saio de homem ou saio de mulher
Sem essa de puxar o meu tapete
Sua censura que vá pro cacete!