quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Natal em tempo de mídias digitais

É Natal!! O ano está terminando e chega a hora de fazer um balanço do que fizemos ou deixamos de fazer. Dos desejos que concretizamos e daqueles que não se cumpriram. Dos amigos que ganhamos e aqueles que se foram. Os amores começados e terminados. Os momentos juntos daqueles que amamos. Enfim, o fim do ano é sempre tempo de lembrar que a vida é mais valiosa do que pensamos.

Uma das boas coisas pelas quais passei em 2010 foi ter voltado a dar aulas presenciais. Comecei em agosto a trabalhar como professor do UniFOA, Centro Universitário de Volta Redonda, nos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Já me acostumei com a rotina de subir a serra toda semana para o convívio com professores e alunos. A quebra em minha antiga rotina fez com que eu deixasse este blog um bom tempo desatualizado, e pretendo consertar isso em breve, com pelo menos um post semanal. Este é apenas um dos desejos que propus a mim mesmo para 2011!

A todos os leitores deste blog e em especial à turma do 8º periodo de Jurnalismo da FOA, a qual tive a oportunidade de lecionar a disciplina Mídias Digitais, deixo aqui um vídeo extremamente criativo sobre o Natal, que se baseia numa perguntinha simples: como teria sido o nascimento de Jesus em tempos digitais?

Aproveito para desejar a todos boas festas e um Feliz Natal!

Confiram:

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Toyota Hylux 2010: a história que inspirou o comercial

Como fazer uma propaganda criativa a fim de chamar a atenção das pessoas, num tempo de mídias digitais, avalanche de informações vindas de todos os cantos e atenções dispersas? Dia desses, assistindo à TV, me chamou a atenção o anúncio de um carro da Toyota, o modelo Hylux 2010 - "Hylux Invencível". Gostaria aqui de fazer um breve comentário sobre o comercial, cuja história foi inspirada num fato real acontecido no Brasil do século passado: uma época sem internet, sem televisão, e no qual a mídia mais poderosa era o rádio.

Dê uma olhada no comercial abaixo. Um homem, pilotando um pequeno avião (daqueles que, até bem pouco tempo, chamaríamos de teco-teco), enfrenta uma grande tempestade. Ele deseja aterrisar, mas não há nenhum aeroporto à vista. O que fazer? Ele faz contato com alguém, que imediatamente aciona um grupo de ajudantes - todos eles dirigindo o tal "Hylux invencível". As cenas seguintes mostram os carros desbravando um território irregular (sim, para chegar ao local que desejam, eles não dirigem por estradas convencionais, mas por morros e descampados). Enfim, chegam a um local no qual, enfileirados, deixam os faróis ligados. Do céu, o piloto consegue ver a iluminação deixada pelos carros e consegue aterrisar no local, seguido de grande comemoração. Slogan da publicidade: "Você não sabia que uma pick-up poderia percorrer tantos caminhos".



Corta para a década de 1940. O rádio vivia sua era de ouro. No começo da década, o governo Vargas emcampa a Rádio Nacional, o primeiro veículo com um grande poder de penetração em todas as grandes regiões brasileiras. Era a "TV Globo" da época. Seu poder e alcance seria posto à prova numa noite, na qual um avião da Força Aérea Brasileira - um Boeing b-17 - depois de cruzar a Floresta Amazônica com 14 pessoas, viu-se sem conseguir pousar no aeroporto de Campo Grande, devido à queda de energia no local. Alertado sobre o drama do avião sem local para pousar, um oficial da base aérea de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, telefona para a Rádio Nacional e pede que o locutor transmita uma mensagem aos moradores da região:

"Atenção, Campo Grande! Atenção, Campo Grande, em Mato Grosso! Uma fortaleza voadora da FAB precisa aterrisar, mas o campo de pouso está às escuras. Os moradores da cidade devem ir com seus automóveis para o aeroporto a fim de iluminarem as pistas de pouso com seus faróis."

Aquele pedido, feito no estúdio da Rádio Nacional, no Rio de Janeiro, atravessou as regiões e chegou aos moradores de Campo Grande, que acataram o pedido. Apenas meia hora depois, o Boeing da Força Aérea conseguiu pousar em uma pista do aeroporto, iluminada por faróis de dezenas de automóveis.

Obviamente não eram todos utilitários como o modelo da Toyota. Estávamos na década de 1940, lembram? Com certeza a maioria dos motoristas que ouviu o locutor pelas ondas do rádio também não precisou subir montes e caminhos inóspitos para chegar ao local, preferindo pegar a rodovia local. Essas liberdades poéticas só estão no anúncio da Toyota e no mundo da publicidade. O caso real de Campo Grande, porém, virou lenda e foi contado de pai pra filho nas décadas posteriores (a história pode ser conferida no livro Rádio - veículo, história e técnica, de Luiz Carlos Ferrareto). Até chegar certamente aos ouvidos de um publicitário no ano de 2010, que utilizou o fato como inspiração para um criativo comercial.

Duas lições ficam para quem se interessa por comunicação: primeiro, que tenham ciência do grande poder de penetração do rádio na primeira metade do século XX. Segundo, que boas histórias - ainda que aumentadas ou "distorcidas" para conseguir um resultado mais sedutor -, serão sempre fortes componentes para a indústria da propaganda e o entretenimento.