quarta-feira, 30 de junho de 2010

Dunga e a imprensa: uma relação conturbada

Segunda-feira, após a vitória do Brasil sobre a seleção do Chile, o técnico Dunga, como é de praxe após os jogos, compareceu à entrevista coletiva para a imprensa. Ao contrário da semana passada, quando soltou impropérios contra o jornalista da TV Globo Alex Escobar, além de ruminar palavrões que foram captados pelo áudio da Sportv, nosso técnico estava agora, aparentemente, bem mais tranquilo. Melhor assim. Depois de uma semana em que sua (má) relação com a imprensa foi discutida em todos os meios de comunicação, ensejando até um pedido formal de desculpas do técnico - aos torcedores, não à imprensa, bem entendido -, é bom esperarmos um técnico de melhor humor nas próximas entrevistas.

Enquanto o pedido formal de desculpas não foi dado, matérias em jornais, rádios e TVs foram quase unânimes em reclamar da atitude do técnico. Falo "quase" porque houve gente que gostou muito do comportamento de Dunga, dentre eles muitos que elogiam a quebra de um suposto privilégio da TV Globo na cobertura de eventos esportivos.

Esse "privilégio" não ocorreria apenas em eventos esportivos, mas em quase todos os temas que geram grandes coberturas. Quem companha este blog pode reler post semelhante que deixei aqui há mais de um ano. Apesar de editoriais da Globo falarem em "busca incessante da notícia" para justificarem as "exclusivas" que o jornalismo global quase sempre consegue, jornalistas que trabalham em emissoras rivais alegam que muitas vezes ocorre um direcionamento nas coberturas jornalísticas que acaba favorecendo a emisora líder de audiência no país.

Jornalistas que apoiam Dunga comentam a tentativa de Fátiam Bernardes e do repórter Tino Marcos em conseguir uma reportagem exclusiva com o técnico e jogadores da seleção brasileira. Atitude que, mesmo depois de a apresentadora e jornalista argumentar ter sido negociada entre o jornalista Renato Maurício Prado (do Sportv e do jornal O Globo) e o presidente da CBF Renato Teixeira, teria levado Dunga a responder: "Aqui não tem essa de entrevista exclusiva. Ou a gente fala para todas as emissoras de TV ou não fala para nenhuma".

Após esta história ter se multiplicado na internet, a Globo lançou uma nota dizendo que nada daquilo acontecera, e o tal diálogo seria na verdade apenas uma mensagem viral contra a emissora.

Quem está com a razão - Dunga com seus treinamentos fechados à imprensa, ou jornalistas da Globo e também de outras emissoras que reclamam do pouco acesso à seleção brasileira de futebol?

A questão é um tanto complexa. Não é preciso ser um expert em futebol para saber que Dunga - famoso por seu estilo disciplinador desde sua fase como jogador - fora chamado por Ricardo Teixeira para assumir a seleção justamente para evitar o oba oba que fora a estadia brasileira na Copa da Alemanha, em 2006, quando os jogadores posavam de celebridades, alguns se apresentaram fora de forma (como Ronaldo e Adriano) e não perdiam uma festinha de embalo nas nights germânicas. O acesso da imprensa era irrestrito e dona Fátima Bernardes chegou a fazer entrevistas "exclusivas" nos próprios quartos dos jogadores. Agora em 2010, Dunga só estaria colocando a coisa nos eixos novamente. Ou seja, disciplina e ordem sob a subordinação de um técnico linha dura desprovido de carisma.

Por outro lado, Dunga exagera ao limitar exageradamente as entrevistas com a equipe, ao realizar diversos treinos secretos (até contra a Coreia do Norte!!) e seu comportamento entre o sarcástico e o mal-humorado nas entrevistas. Se o problema é com a Globo apenas, por que o técnico não deixa claro logo, ao invés de "peitar" o Escobar na coletiva após a vitória?

Ainda sobre as entrevistas/reportagens exclusivas. Quem lida com jornalismo sabe também que a busca por exclusivas não é só da TV Globo. A notícia exclusiva, quando cabe um fato novo que ninguém ainda noticiou, revela-se um furo de reportagem, ou seja, tudo aqulilo que os jornais, rádios, TVs e agora o jornalismo online buscam para furar a concorrência. Notícias exclusivas, então, não são e não deveriam ser privilégio de grandes emissoras. Ainda mais agora com a ascensão cada vez maior das novas mídias, quando algo totalmente novo pode ser leado ao conhecimento de todosa por um blogueiro ou qualquer um com conta no twitter. A grande imprensa não tem mais o predomínio de ser a primeira a noticiar tudo.

O problema, então, não seria a notícia exclusiva, mas sim a alegada insistência nos supostos privilégios que a emissora - por ser a mais poderosa do país - é acusada.

Dunga tem todo o direito de preferir uma coletiva com todas as emissoras a falar com apenas uma. Mas ele poderia também dar a entrevista à repórter da Globo, desde que fizesse o mesmo com jornalistas da Band, Record e outras emissoras. Ao repórter mais competente caberia a responsabilidade e a competência pelo furo.

Nada contra exclusivas, portanto. e tudo contra privilégios, sob quaisquer circustâncias. Para que haja bom jornalismo, é necessário que as oportunidades sejam iguais para todos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Sobre dublagens no cinema e a "grossura" de Les Grossman

No começo do ano fui ao cinema com a namorada assistir "Sherlock Holmes". Era uma sessão noturna, creio que das 21 horas. Qual não foi minha surpresa ao começar o filme e notar que desta vez não haveria legendas - o filme havia sido dublado. Nos entreolhamos, achamos estranho, mas como a maioria do público que já estava na sala parecia não reclamar, assistimos à sessão assim mesmo. Admito que na hora fiquei um tanto tanto contrariado - não me agradava ter de ouvir a voz de um dos meus atores preferidos (Robert Downey Jr.)dublada por um brasileiro. Mas, quer saber? Achei a dublagem bem satisfatória.

Na verdade, eu não deveria ter achado nada estranho. Já faz algum tempo que as distribuidoras lançam filmes de grande público em cópias dubladas e legendadas. Pesquisas feitas com o público dos blockbusters americanos mostrou que eles desejavam ver seus heróis em cópias dubladas também, e o mercado apenas seguiu a pesquisa. Daí o lançamento recente de cópias dubladas em português - e com ótima recepção do público - de filmes-pipoca como "Piratas do Caribe 3","Duro de matar 4", "Transformes 2", entre outros.

Os de grande público, bem entendido; porque aqueles filmes que se restringem ao circuiito alternativo continuam sem merecer cópias dubladas. E cá pra nós, creio que os admiradores deste circuito - os cinéfilos - em sua maioria torceriam o nariz para qualquer filme europeu ou asiático dublado. Imaginem um cinéfilo empedernido, daqueles que passam longe de qualquer blockbuster americano, entrando num cinema para assistir ao último cult-movie sul-coreano e se deparando com um asiático falando em português algo como..."qual é, meu irmão, o que tá pegando, mano"...não tenho dúvidas que o sujeito iria querer tomar alguma satisfação com a gerência.

Confesso que prefiro ver filmes no idioma original. Sou de uma geração que aprendeu a ver filmes legendados. Mas hoje não fico mais tão irritado em ter de assistir a filmes dublados, pois a verdade é que o serviço está mais profissional e melhor. Claro que há bons e maus dubladores, assim como há bons e maus filmes. O cinema hoje virou um passatempo mais de elite, e nossa cultura de "ler filmes" está sendo transferida por outra, mais receptível aos filmes dublados. Na Europa, os filmes dublados são realidade há muito tempo, e já rendeu até uma tese de doutorado sobre o tema. Como informa o jornalista Carlos Albuquerque em ótimo artigo, a dublagem no cienema já foi usada com os mais diversos interesses, desde o diretor que escolhia outras vozes que julgava mais adequadas para dublar os personagens de seus filmes (Fassbinder é um exemplo), até casos mais idelológicos, como na inusitada primeira versão para o alemão do clássico "Casablanca", na qual, através de cortes e substituição de diálogos, todos os nazistas e colaboradores da resistência do filme americano simplesmente desapareceram.

No Brasil, um dos motivos pelo qual a dublagem demorou a chegar aos cinemas -ficando por décadas restrita aos desenhos animados - estaria ao meu ver nas péssimas condições das salas de cinema até os anos 1980, época em que o cinema era realmente, como dizia a propaganda, a maior diversão: popular, com preços baixos. Faltou completar: e com salas ruins.

Quem tem mais de trinta anos sabe o que estou falando. O sistema de som da maioria das salas era péssimo e muitas vezes quem pagava o pato era o cinema brasileiro. Lembro de ter ido ver nessa época o filme nacional "O grande mentecapto", num cinema de rua, que obviamente não existe mais. Não consegui entender ou ouvir a metade do que os personagens diziam, devido ao som abafado. Na saída, ainda ouvi alguns espectadores lamentando a precariedade do filme nacional.

Enquanto espectadores brasileiros reclamavam injustamente contra a precariedade do som nos filmes nacionais, alguns diretores daqui aproveitaram a dublagem em seus filmes de forma original. Tal qual Fassbinder, um cineasta brasileiro que adorava mexer na dublagem de suas criações era Ivan Cardoso, o maior nome do "terrir" nacional. Lembro que por ocasião destes festivais de cinema, a organização programou alguns filmes nacionais para serem exibidos na praia. Eu estava em Copacabana quando foi programado o filme "O segredo da múmia", uma hilariante comédia onde havia um personagem, vivido por Evandro Mesquita, que era dublado no filme pela voz do Robin (!). Sim, por aquele mesmo dublador da série "Batman e Robin" das antigas. Numa cena inesquecível, Evandro/Robin é preso pelo vilão e deixado numa cela com várias mulheres - todas nuas. A frase de espanto do personagem com certeza jamais seria dita pelo Robin da TV: "Puta que pariu!!!"

Nem preciso adiantar que quando todos caíram na gargalhada quando ouviram tal palavrão sendo dito pela voz do Robin. Santa grosseria, Batman!


***

Vem mais groseria aí. Minha boa vontade para com filmes dublados melhorou um pouco depois de, por um incidente doméstico, ser obrigado a assistir ao filme "Trovão tropical", dirigido pelo comediante Ben Stiller em uma cópia da locadora dublada. Eu havia alugado o filme por indicação de um amigo, mas confesso que até a metade estava achando bastante enfadonho. Nem a presença de Robert Downey Jr. no papel de um soldado negro (!) revoltado me chamava a atenção.

Foi então que, lá pela metade do filme, que eu assistia com legendas, como sempre faço, o som em inglês começou a dar problemas. Depois de retirar a cópia, limpá-la e mesmo assim o problema continuar, vi que a única forma de conseguir assistir à minha sessão doméstica seria vendo/ouvindo em português mesmo. Foi então que tive duas surpresas hilárias.

Primeiro: o filme dublado em português, com toda a grossura do roteiro e sua profusão de fucks! sendo dita em altos e bons palavrões em português deixava a fruição da trama muito mais divertida! E em segundo lugar, um personagem que surge do meio do nada me fez dar boas gargalhadas até o fim do filme. Tratava-se de Les Grossman (atente para a ironia do nome), um executivo dono de estúdio gordo, careca, mal-educado, supergrosso e vivido por um ator que já fora considerado o protótipo do galã de cinema-bom moço: Tom Cruise!

(Entre parêntesis: considero Tom Cruise uma das figuras mais intrigantes do cinema americano. Tudo bem, ele pode ter mil problemas com fãs, superstições e tudo o mais, além de ser embaixador daquela curiosa religião, a cientologia, que entre outras coisas prega termos sido colonizados por extraterrestres. Mas volta e meia aparece com uma atuação espetacular. Não acreditam? Então confiram a performance do ator em "Entrevista com o vampiro", "Colateral", ou simplesmente aquela que é sua melhor, em "Magnólia").

Quem viu o filme "Trovão tropical" sem atentar para os créditos, com certeza não notou que aquele executivo com um vocabulário supergrosso e disparando impropérios a cada segundo era de fato Tom Cruise. Mas era. No meu caso, devo admitir que ouvir o derramar de grosserias do personagem em bom (?) português foi uma experiência hilariante. E a atuação do ator foi tão elogiada (e engraçada) que será agora levada novamente aos cinemas. Sim, Les Grossman terá um longa-metragem só dele.

Não sei se tem a ver, mas a notícia foi dada justamente após Les Grossman participar da entrega dos prêmios da MTV Movie Awards, dançando com Jennifer Lopez e ofuscando terrivelmente a duplinha de galãs-mirins da série "Crepúsculo". Confiram aqui o diálogo de Grossman com o ator de Crepúsculo Robert Pattinson, que virou comercial de sucesso nos EUA. Pena que não achei a versão dublada...





Não é nada, não é nada, já é hora de sermos mais tolerantes com as dublagens bem feitas. mesmo que seja para presenciarmos as grosserias politicamente incorretas de um personagem como Les Grossman.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sons da Copa: a Vuvuzela, o "pássaro" Galvão e o "Mandelation"

Segundo Sartre, o inferno são os outros. Para dar um adendo, o inferno são os outros soprando vuvuzelas.
Luís Fernando Verissimo

Deu no Informe JB:

Vuvuzela, não!
Para se livrar do barulho das vuvuzelas em jogos da Copa, um alemão conhecido como Tube, dono do blog Surfpoeten, decidiu investir num software que filtra a frequência da maldita corneta. Ele transfere o áudio da TV para um computador com um programa especial, que rejeita as frequências mais, digamos, enlouquecedoras.

Vuvuzela, não! 2
Usuários de IPhone podem (mas não façam isso!) baixar 11 aplicativos com sons de vuvuzela. O toque "Vuvuzela 2010", por exemplo, já foi baixado mais de 750 mil vezes. Realmente, há gosto para tudo.

Não tem jeito mesmo: esta Copa será definitivamente lembrada - para o bem ou para o mal - como a "Copa das vuvuzelas". Lembro que a primeira vez que ouvi o som das cornetas africanas foi na final da Copa das Confederações, em 2009. Naquele mesmo dia, minha mãe, ao passar perto da TV, achou que havia algum problema com o som do aparelho. Parecia uma invasão de insetos, algum tipo de praga.

- A televisão está com um som estranho, reparou? Será que está bem sintonizada?
- Está sim. Este som é o das vuvuzelas.
- E o que é isso?
- São as cornetas africanas, tocadas pela maioria da torcida no estádio.
- Que som horrível!
- Pois é...

Pelo menos não somos apenas nós, brasileiros, que estranham e se incomodam com o barulho das vuvuzelas (nem todos, é claro, como mostra a segunda notinha acima). Na festa de abertura da Copa, ela foi terminantemente proibida, para não abafar o som das estrelas pop. Mas no dia dos jogos é que a coisa pega: as cornetas praticamente só se calam na hora dos hinos oficiais dos países. Andei lendo que há jornalistas brasileiros levando protetores de ouvido para os estádios.
E já há até explicações científicas que tentam desvendar porque a vuvuzela incomodaria tanto. O mesmo JB, no artigo "A vuvuzela e a ciência da zoeira", o britânico Trevor Cox, presidente do Instituto de Acústica do Reino Unido, resume:

- Uma única vuvuzela, tocada por um músico competente, remete a um som ancestral, como o de uma trompa de caça. Mas o som é menos agradável quando é tocada por um fã de futebol, já que as notas são imperfeitas. Além disso, cada torcedor toca com uma intensidade e frequência diferente, causando uma zoeira, parecida com o zumbido de insetos ou um berro de elefante.

Berro de elefante? Uma corneta apenas não faz verão, mas centenas em uníssono lembram mesmo uma manada de elefantes. Claro que sempre surge alguém que tenta se dar bem: um jogador holandês escapou de ser expulso depois de fazer um gol com o jogo já paralisado, ao avisar para o juiz que não escutou o apito por conta do barulho das vuvuzelas. E depois de várias reclamações, a Fifa estuda proibir a malfadada corneta.


Sei não. A princípio sou contra. Estádios são lugares de jogos e também de festa nas arquibancadas. Em todo o mundo há torcidas que levam não só cornetas mas vários outros instrumentos e fazem um fuzuê danado. Por que proibir logo a vuvuzela? Podemos achá-las chatas, mas os africanos, nossos anfitriões nessa Copa, adoram.

***

Voltando às duas notinhas que abrem esse texto, é interessante notar como nos dois exemplos, ainda que antagônicos, há ali algo em comum: ao se referir a um blog e celulares modernos eles refletem a força das novas mídias na contemporaneidade, que entram sem pedir licença, mudando comportamentos, sugerindo novas pautas na mídia tradicional (né mesmo, JB?), levando-nos ao encontro de uma nova realidade.

Na última Copa, não havia celulares 3G, o Youtube ainda engatinhava e o Twitter nem havia surgido. Com a velocidade que as novas redes sociais se instalaram e o avanço da internet no Brasil, muitos hábitos mudaram. Duas recentes pesquisas divulgadas por Gilberto Dimenstein e sua coluna na CBN comprovam tal afirmação. Hoje o Brasil seria o campeão mundial no uso de redes sociais, com o Orkut ainda reinando soberano no topo dos preferidos. A outra pesquisa, segundo Dimenstein, foi feita entre jovens brasileiros de 16 a 24 anos, inclusive da classe C, e verificou que ali a internet chega a competir com a TV aberta.

Daí o imenso sucesso da campanha "Cala a Boca Galvão" no Twitter, feita "em homenagem" ao locutor global Galvão Bueno, e que desde o início da Copa figura entre os tópicos mais acessados da rede social, chegando até ao primeiro lugar dos assuntos mais comentados. Americanos e europeus, é claro, não entenderam nada. Para "explicar", gaiatos brasileiros (vem cá, neguinho não tem mais nada pra fazer não? rsrs) informaram que o 'galvão' seria um pássaro brasileiro ameaçado de extinção, e que o nome da campanha na verdade queria dizer "Save galvão birds". Outros, ainda mais imaginativos, deduziram que seria o nome de uma nova canção de Lady Gaga, deixando o fã-clube oficial da moça ouriçadíssimo sobre o vazamento na rede de um suposto novo hit da performática cantora...


***

Mas qual seria a origem das vuvuzelas, a despeito de todas as explicações científicas? A melhor explicação que ouvi até agora foi feita pelo colunista José Simão, na Band News: a vuvuzela seria filha bastarda de um relacionamento de Galvão Bueno com uma boneca inflável (!). Daí o singular "É tetraaaaa..." do Galvão torcedor (ops, locutor) combinar tão bem com o barulho ensurdecedor das cornetas.

***

Vuvuzelas berrando nos estádios, Galvão Bueno confundido com um pássaro, Lady Gaga e por aí vai...quantos sons nos chamam a atenção nessa Copa! Por hora, fico com um som bem mais agradável e divertido do que as vuvus ou a locução do Galvão. Me refiro ao "Mandelation" - mistura de "Rebolation" com homenagem a Nelson Mandela, criado (quem mais?) por torcedores brasileiros na África do Sul. Divirtam-se e até o próximo post.


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sobre leis inúteis e inusitadas

Tomei a liberdade de tecer alguns pitacos sobre a malfadada "Lei da Palmada" que alguns nobres deputados querem tornar realidade aqui em nosso país das contradições. Alguns não, a autora da emenda tem nome e se chama Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul. O projeto de lei 2654/03 altera o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelecendo que a criança não pode receber nenhum tipo de punição corporal, moderada ou não. Seria o fim do "um tapinha não dói"? Mas como descobrir se os pais bateram ou não na criança? Segundo a lei, qualquer um pode fazer a denúncia (quem? vizinhos? fofoqueiros de plantão? dedo-duros de todo tipo?), com a punição consistindo de cursos de orientação pedagógica dados pelo Estado e até tratamentos psicológico e psiquiátrico.

Cabe aqui uma perguntinha: o Estado não estaria se excedendo na administração de seu poder sobre a população?

Passando os olhos por alguns blogs, aconselho a leitura do artigo "A 'Lei da Palmada' pode ir para o Senado", de Guilherme de Carvalho, autor do blog Ideia Fiksa. Cito um trecho:

"O discurso da deputada reflete uma hipocrisia estrutural: o Estado mantém seu poder para agir violentamente contra os pais que desobedecem ao Estado, mas nega tal poder aos pais. Temos então na verdade uma extensão do poder de polícia para o interior da vida familiar. Não é que a questão da palmada não possa ser discutida; é que o Estado não pode impor uma solução de engenharia social goela abaixo da população."

Se serve de consolo, o Brasil não é o único país a criar mais uma lei inútil. Vejamos algumas curiosas, pinçadas do blog Elite Paralisante, com outras pescadas na internet e também no rádio - quiçá hilárias:

- Na França, é proibido batizar um porco com o nome de Napoleão.

- Na Alemanha, é proibido andar de máscaras pela rua.

- Na Noruega, é proibido castrar cães ou gatos, mas sim a qualquer outra espécie, inclusive homens.

-Na Inglaterra, é ilegal pendurar roupa de cama na janela.

- No Líbano, os homens podem ter relações sexuais com animais, desde que sejam fêmeas. Se for com machos pode ser castigado com a morte.

- Em Haifa (Israel) é proibido levar ursos à praia.

- No Canadá é ilegal tirar curativos em público.

Tá achando estranho? Pois veja estas leis de algumas cidades nos Estados Unidos...

- Na Virgínia é proibido sexo anal e oral. (melhor de assistir que palmadas)

- Em algumas cidades, é proibido roncar. (ãh?)

- Em outras, é proibido andar de bicicleta a mais de 100 km/h. (essa nem participante do iron man!)

- No sul, é proibido amarrar jacarés nos hidrantes. (!?!?)

... e, por fim, a melhor de todas:

-Em determinada cidade americana, é proibido levar um jumento para a banheira.

Bem, depois disso tudo, começo a achar que a "lei da palmada" não é tão estranha assim. Mas torço por sua inutilidade. Já temos problemas demais, não é mesmo? Só tenho receio de uma coisa. Se na França os porcos não podem ser nomeados de Napoleão, e sendo a Dilma eleita, será que haverá alguma lei proibindo as crianças de colocarem o nome dela em algum bicho?