sábado, 10 de abril de 2010

Um prêmio para a Rádio Sucupira

A Associação Paulista de Críticos de Arte acaba de publicar a lista de agraciados do ano de 2009, e entre os vencedores na categoria Rádio está a hilariante Rádio Sucupira, da CBN, que concorreu como melhor programa de variedades.



Prêmio justíssimo. Pra quem não sabe ou tem menos de 30 anos, Sucupira era a cidade criada por Dias Gomes para a novela O Bem Amado, dos anos 1970 na TV Globo, por onde desfilavam tipos inesquecíveis como o prefeito Odorico Paraguaçu, Zeca Diabo, Dirceu Borboleta e as Irmãs Cazajeiras. O sucesso foi tanto que a novela que renderia um seriado nos anos 80, também na Globo uma peça de teatro de sucesso e agora em 2010 é aguardada sua versão cinematográfica, dirigida por Guel Arraes.

O "coronel" Odorico e o dia a dia de Sucupira é um retrato perfeito da política brasileira, seus conluios, conchavos e tipos folclóricos. O que o programa faz é justamente contrapor as falas - retiradas da novela e do seriado de TV -, do político vivido por Paulo Gracindo, às "sonoras" (o áudio do rádio) dos políticos de hoje - Lula, Dilma, Serra, senadores, deputados e o que mais for notícia. O mais interessante - e é aí que está a graça do programa - é que, ao escutarmos a Rádio Sucupira podemos notar que pouco ou nada mudou na política brasileira dos anos 1970 até hoje. Os problemas satirizados na ficção daquela época continuam praticamente os mesmos na realidade dos dias de hoje.

Ou seja, a Rádio Sucupira é um engenhoso momento radiofônico que mostra ao ouvinte como a arte pode ser eficaz na denúncia da coisa pública. Em certos momentos da montagem muito bem feita do programa, ficamos sem saber em que época estamos - se no programa ou na política brasileira real. Diria mesmo que, se não fosse a inconfundível voz e interpretação de Paulo Gracindo como Odorico, teríamos sérias dúvidas em definir a época ilustrada na rádio. Ponto para a CBN/Sucupira.

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