quarta-feira, 17 de março de 2010

Para o infinito e além: no cinema com Tuco, assistindo a Toy Story

Dia desses eu estava em casa ouvindo na rádio CBN a coluna sobre cinema do crítico Marcos Petrucelli, autor do site E-Pipoca, quando ele perguntou à apresentadora do CBN Total:

- Silvia, você prefere que eu comente primeiro o quê: vampiros ou brinquedos animados?
- Hummmmm. Prefiro vampiros.
- É mesmo? Achei que iria escolher os brinquedos, Silvia. São muito mais divertidos que os vampiros...

Explicando: os vampiros a que o crítico se referia eram aqueles da série Crepúsculo, atual must das adolescentes mundo afora. Já os "brinquedos animados" diziam respeito ao revolucionário desenho animado da Pixar, Toy Story, cujo terceiro longa estreia em junho no Brasil e no resto do mundo. Bem, devo avisar que este blogueiro concorda com Petrucelli: os bonecos de Toy Story -como o astronauta Buzz Lightyear e o cowboy Woody - são muito mais divertidos que os xaroposos vampiros (que as mocinhas não me escutem!) da série criada pela escritora Stephenie Meyer. Ainda mais se você tem um filho de cinco anos e pode experimentar a sensação de levá-lo junto ao cinema, agora para conferir o desenho em 3D.



Quando, em 1995, vi o primeiro filme da série Toy Story, eu disse pra mim mesmo na saída do cinema: taí um filme que quando tiver um filho eu gostaria de levá-lo. Passaram-se 15 anos e cumpri meu desejo, pois mês passado fui com o Arthur (ou Tuco, para os mais chegados) ao complexo de cinemas do Nova América, no shopping de mesmo nome no Rio, para ver o relançamento do primeiro filme da série. Ali, pai e filho juntos, pela primeira vez entramos em contato com a tecnologia 3D, experimentando os tais óculos dentro da sala escura.

Foi uma bela experiência, embora o Tuco, mesmo adorando o filme (saiu do cinema cantando o tema musical "Amigo estou aqui"), só usou os óculos até metade da sessão, preferindo ver o resto do filme sem os apetrechos. "Dá pra ver sem eles, papai", ele disse, e quem sou eu pra discordar.

Duas semanas depois estávamos em outro cinema, na Tijuca, agora com minha irmã, Nanda, e sua filha Julinha, de 3 anos, asssitindo a Toy Story 2. Julinha usou os óculos durante quase todo o filme e, para desespero de minha irmã - que estava adorando a sessão -, pediu pra ir ao banheiro justamente quando faltavam apenas 10 minutos para o filme acabar. Enquanto isso, ao meu lado, Tuco, que dessa vez só usara os óculos nos 5 minutos iniciais do filme, levantava da cadeira e dançava asssistindo à deliciosa cena final, na qual um pinguim antes afônico e, agora, "consertado" e munido de um vozeirão, canta com todos os brinquedos a música-tema.

Pra quem leu até aqui, já sabe que ir com crianças ao cinema é uma experiência e tanto, podendo ser inusitada ou divertidíssima.

E já prometi ao Tuco que em junho iremos de novo ao cinema conferir Toy Story 3, que desponta como um dos longas mais aguardados do ano por crianças, pais e amantes do cinema. Se o primeiro revolucionou a arte da animação ao ser todo feito em computação gráfica e o segundo emocionou a todos com um roteiro nada menos que brilhante; o terceiro, que já está passando em pré-estreias nos EUA, levará o público de volta aos brinquedos muitos anos depois do segundo longa, quando o dono deles, o menino Andy, cresce e vai para a faculdade. O mote, ao que tudo indica, será este: quem será o novo dono dos brinquedos, já que o garoto que outrora passava horas a brincar no quarto com seus bonecos agora tem outros interesses?

Bonecos com crise de consciência? Pode ser, mas não nos esqueçamos que a série Toy Story, embora muito inteligente, é uma comédia infantil. O Cartoon Network (pois é, quem é pai ou mãe e leitor deste blog sabe que as crianças de hoje não vivem sem esse canal) já está passando trechos do filme nos comerciais. Parece que a boneca Barbie, que já fez uma ponta em Toy Story 2, estará de volta, acompanhada desta vez pelo namorado Ken -pelo menos no trailer, em uma cena hilária, ele é sistematicamente avacalhado pelos outros brinquedos por ser considerado "brinquedo de menina".

(Aliás, essa história de sacanear o boneco Ken não é primazia apenas da série Toy Story. Aqui no Rio o cartunista Cláudio Paiva é um que volta e meia adora implicar com o boneco, como num célebre cartum em que Barbie abandona o lar e, ao encontrar uma amiga, diz que saiu de casa porque descobriu que Ken "era boneca". Recentemente, o cartunista voltou à carga, numa hilária fotomontagem com os bonecos - ou bonecas? - originais, em que Ken "invadia" a página do cartunista para reclamar de alguns leitores que estariam duvidando de sua masculinidade, não sem antes apresentar um "amigo" americano com quem estaria morando junto em Tiradentes!).

A estratégia de lançamento dos dois primeiros filmes da série Toy Story teve como novidade a exibição deles no cinema em formato 3D. Sim, novidade, pois nenhum dos dois primeiros longas foi pensado para o formato. Ao que tudo indica, os produtores resolveram aproveitar a onda e "adaptaram" os dois primeiros filmes para as três dimensões, visando atrair novas plateias, como se os filmes tivessem sido feitos ontem (o primeiro é de 1995 e o segundo de 1998).

Nada contra - curti bastante ir ao cinema com meu filho para ver os dois primeiros filmes da série em 3D, ainda que o terceiro - este realmente pensado e feito todo ele segundo a tecnologia - eu talvez prefira conferir nas salas comuns, pois meu filho, como eu disse, anda dispensando os óculos...

O único problema é a possibilidade de os homens de cinema resolverem investir em todo o tipo de filme no formato 3D, apenas para aproveitar a onda. Filmes que não foram pensados para o formato estão sendo convertidos agora apenas para lucrar com a "novidade", que nem é tão nova assim e andava obscurecida até ser resgatada por James Cameron em Avatar, um filme pensado e filmado para sr exibido no formato. Ironicamente, Cameron recentemente reclamou desta febre 3D nos cinemas. Realmente há uma boa diferença em conferir Avatar em 3D nos cinemas, da forma que ele foi idealizado, e pagar mais (sabemos que estas sessões são mais caras) para ver um drama de época ou uma comédia romântica que foram transformados em "películas 3D" por um produtor ganancioso.

A febre do 3D teve um único fator de comemoração louvável: levou muita gente que andava afastada dos cinemas de volta às salas escuras. Mas, se a febre se converter em abuso e mercantilismo desenfreado, farei como meu filho: tirarei os óculos e voltarei para o bom e velho cinema. Aquele que só depende de um bom roteiro, um bom diretor e atores em sintonia para emocionar as plateias.

3 comentários:

Minha fábrica de sonhos... disse...

Showwwwwwww, amei saber de tua história com o filhão no cinema. Pelo visto ele sabe bem do que gosta e é bem decidido. Não gostou dos óculos? Ponto final, tira!!!

Rogério Martins disse...

Olá, colega professora! Obrigado pelo comentário.
Sobre os óculos, vc tem razão: se o Tuco não quer usá-los, pra que insistir? Já decidi que nossa ida à "Toy Story 3" será numa sessão normal, sem óculos, mas com pipoca, amendoim e H2O!!!

Beijos, Rogério.

Rogério Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.